No dia 6 de novembro, o auditório da Unidade Onco-Hematológica recebeu o especialista do corpo clínico do Grupo Hemolabor para mais um encontro de compartilhamento de conhecimentos na Sessão Clínica. O tema “Próstata – Risco Cardiovascular com o Uso de Terapias Oncológicas” foi abordado pelo médico oncologista e diretor clínico, Uirá Resende.
O especialista apresentou achados recentes de estudos publicados que exploram a relação entre a terapia hormonal para câncer de próstata e o aumento do risco cardiovascular. “Nosso objetivo é identificar estratégias que minimizem esses riscos e aprimorem o manejo clínico dos pacientes submetidos a esses tratamentos”, explicou Uirá.
Estudos indicam que a terapia deprivação androgênica (TPA), um tratamento comum no manejo do câncer de próstata, está associada a um aumento do risco cardiovascular. De acordo com revisões contemporâneas, incluindo meta-análises publicadas e indexadas no PUBMED, a TPA, seja por meio de agonistas ou antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), pode provocar eventos adversos como infarto do miocárdio, AVC e até mortalidade cardiovascular.
O especialista ressaltou que a TPA reduz os níveis de testosterona, retardando o crescimento tumoral, mas também desencadeando mudanças metabólicas significativas, como o aumento da gordura corporal, resistência à insulina e hipertensão arterial. Esses fatores podem contribuir substancialmente para doenças cardiovasculares.
A análise de estudos clínicos revelou que pacientes mais idosos, especialmente aqueles com histórico de doenças cardíacas ou fatores de risco como diabetes e hipertensão, têm maior vulnerabilidade aos efeitos adversos da TPA. O médico destacou que o risco é mais evidente em pacientes que requerem terapia hormonal prolongada, frequentemente em estágios mais avançados da doença.
Para minimizar os riscos, o oncologista recomenda a avaliação do perfil cardiovascular antes de iniciar o tratamento, além de um monitoramento rigoroso durante o curso da terapia. Estratégias preventivas incluem uma abordagem integrada entre oncologistas e cardiologistas para o manejo precoce das complicações. Ele também enfatizou a importância de um estilo de vida saudável, com dieta balanceada, atividade física regular e controle rigoroso de fatores como pressão arterial, colesterol e glicemia. “O diálogo aberto com a equipe médica é essencial para garantir um tratamento seguro e eficaz”, concluiu.
Sobre a Sessão Clínica
A Sessão Clínica da equipe de oncologia do Hemolabor teve início em março de 2023, com reuniões semanais dedicadas a temas como prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados integrados e multidisciplinares para pacientes com tumores sólidos. Os encontros abrangem discussões de casos clínicos (tumor board), promovendo a colaboração entre diferentes especialidades, como mastologistas, oncogeneticistas, ginecologistas, geriatras, pneumologistas, oncologistas clínicos e radio-oncologistas, visando às melhores práticas de cuidado integral ao paciente.
Esse formato promove uma troca constante de conhecimentos e atualizações baseadas nas mais recentes evidências científicas, aprimorando o tratamento oncológico e o suporte multidisciplinar aos pacientes.