O câncer infantil é uma realidade alarmante que afeta milhares de crianças e adolescentes todos os anos. De acordo com dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos no Brasil.
Hoje, 15 de fevereiro, Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil, é um momento importante para lembrar que a doença é altamente curável, segundo a oncologista pediátrica do Grupo Hemolabor, Cássia Silvestre Mariano Pires. Por isso, é importante que os pais e responsáveis estejam atentos a qualquer mudança no comportamento ou na saúde das crianças. “A luta contra o câncer infantil é uma causa que exige a união de todos. É preciso aumentar a conscientização sobre a doença, melhorar o acesso aos serviços de saúde e apoiar as famílias afetadas. Juntos, podemos fazer a diferença e salvar mais vidas”.
Uma história de superação
Para entender melhor a realidade do câncer infantil, conversamos com a professora Maria Santana Maciel, 54 anos, moradora de Crixás, a cerca de 350km de Goiânia, que viveu essa experiência com seu neto, J. M. M. P., estudante, de 13 anos. Ela compartilhou os momentos mais difíceis da jornada ao lado do seu neto.
“O primeiro sintoma que percebi no J. M. M. P. foi o aumento no pescoço dele, meio inchaço”, lembra a avó. A busca por um diagnóstico foi longa e desgastante. “Começamos essa busca com um médico de Crixás. Ele passou uns exames na outra cidade mais próxima, Ceres. Ele deveria ter nos orientado melhor, mas nos mandou para casa. Foi desgastante poque o pescoço dele piorava e não tínhamos uma resposta, foi infelizmente demorado.”
O tratamento de J. M.M.P foi intensivo e incluiu quimioterapia, transplante de medula em Brasília e radioterapia. “A gente descobriu em 2020, ele tinha apenas 9 anos e sabia apenas que era uma doença séria. Ele concluiu o tratamento em junho de 2023 e foi nessa época que José nos contou que sabia da doença por pesquisar na internet”.
“Meu neto segue em acompanhamento médico e agora é só felicidade e agradecimento a Deus e à médica, doutora Cássia, que foi e continua sendo um anjo em nossas vidas”, finalizou a emocionada avó.
A importância do diagnóstico precoce
O câncer infantil apresenta particularidades que o diferenciam dos tumores em adultos, principalmente por sua origem em tecidos embrionários e pelo crescimento acelerado. No entanto, segundo a oncologista Cássia Silvestre Mariano Pires, do Hemolabor, esses tumores costumam responder bem ao tratamento. “São tumores agressivos, crescem rápido, mas, em geral, têm uma boa resposta à quimioterapia”, explicou. Para garantir um diagnóstico precoce, a médica orienta os pais a ficarem atentos a sinais como manchas roxas sem explicação, febre persistente, dores ósseas e abdominais, perda de peso e mudanças no comportamento da criança. “Quanto mais cedo conseguimos identificar a doença, melhor a resposta ao tratamento”, reforçou.
Além da detecção precoce, a especialista destacou a importância da alimentação e dos hábitos saudáveis. “Precisamos prestar atenção na qualidade da alimentação das crianças, na quantidade de produtos industrializados que oferecemos”, alertou. Ela lembra que a nutrição tem impacto direto na saúde e no desenvolvimento infantil, especialmente para aquelas que já possuem doenças crônicas, como problemas respiratórios ou gastrointestinais. “Crianças com condições crônicas precisam de um acompanhamento mais próximo, com visitas regulares ao pediatra e exames de rotina para identificar qualquer alteração quanto antes”, acrescentou.
Diante do diagnóstico, a forma como a doença é comunicada e enfrentada faz diferença. “A palavra câncer não agrada nem os adultos, nem as crianças. Elas percebem a mudança na fisionomia dos pais e dos médicos ao ouvi-la”, explicou a oncologista. Para Cássia, a resiliência das crianças no enfrentamento da doença também tem um componente espiritual. “Os tratamentos oncológicos pediátricos são muito intensos, e ainda assim elas toleram melhor que os adultos. Eu costumo dizer que a única explicação para isso é Deus”, finalizou.